No entanto a parte da piada é somente o terceiro tópico do texto e o Bánffy aproveitou o ar de piada para rasgar o verbo e dizer umas verdades sem medo.
Como concordo quase 100% com o texto, decidi reproduzi-lo aqui de forma séria:
Eu sempre gostei de escrever aqui sobre linguagens «exóticas». Já houve um tempo em que Python era exótico. Hoje Python é mainstream. Ruby, idem. Há até suporte a Rails no NetBeans 6 e para Python no Visual Studio. Não dá pra ser muito mais mainstream do que isso.
Nem todas as linguagens exóticas que eu conheci deram certo. Smalltalk, por exemplo, continua sendo aquela linguagem muito sofisticada, anos-luz à frente do Java, mas que quase ninguém usa. Smalltalk tem ideias poderosas demais. A ideia de rodar dentro de uma máquina virtual, de todo o código poder ser examinado e modificado «ao vivo», do compilador incremental, do class browser, do late-binding, das mensagens... Tudo isso era demais pras cabecinhas da maioria dos programadores que só conseguem entender Visual Basic ou PHP e olha lá.
Mas «Visual Basic e PHP resolvem todos os meus problemas», dizem eles. Claro. Se tudo o que eles conhecem se resume a isso, eles não imaginam sequer que existam outros tipos de problema. É uma limitação de capacidade expressiva: eles não têm as ferramentas intelectuais necessárias para expressar as classes de problemas que outras ferramentas expressam e resolvem.
Não se pode pensar em uma lâmpada fluorescente se tudo o que você conhece são pedras lascadas e peles de urso.
Uma outra linguagem muito além do seu tempo é o Lisp. Além do seu tempo porque, se ela é uma coisa poderosa hoje comparada ao que temos hoje, imaginem em 1960 quando ela foi inventada…
Por muito tempo, havia implementações de Lisp para computadores desktop, mas, com processadores de 16 bits e menos de um megabyte de RAM, essas máquinas serviam apenas como brinquedos. Você podia fazer um loop e imprimir 10 vezes «fulano é bobo», mas não muito mais do que isso.
Naquele tempo, para se rodar programas em Lisp, você precisaria de uma Lisp machine, um computador dedicado, com um processador único capaz de coisas que nenhum outro processador da época – ou de hoje – era capaz de fazer. Eram incrivelmente caras.
Mas as implementações de brinquedo eram o bastante para abrir as cabeças dos jovens computólogos (antes deles se chamarem assim). Lisp e Scheme (um dialeto de Lisp) são usados como ferramenta didática em todos os bons cursos de ciência da computação. Se no seu curso não tem, pare de perder tempo e peça seu dinheiro de volta. Não sei quanto é a mensalidade, mas é certo que o curso vale menos.
E, claro, hoje em dia, temos computadores amplamente capazes de rodar boas implementações de Lisp. Meu notebook consegue emular uma Lisp machine da Texas Instruments (uma Micro-Explorer) mais depressa do que ela era originalmente.
Artigo original: O Kanamit Web Framework.
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Cacilhas, La Batalema